Saí do autocarro, pensando ainda na minha pequena vitória frente aos ‘mauzões’, mas também no que eu provavelmente iria sofrer na segunda.
Entrei em casa, deitei-me no sofá à espera que a minha pulsação estabiliza-se.
Quando ela ficou normal fui almoçar. Enquanto comia recebi um sms da Daniela.
“Podes vir cá a casa? Não me falaste na escola e ‘tou’ com saudades de ‘tar’ contigo
“
<Está com saudades de estar comigo?> pensei bastante curioso.
Respondi à mensagem enquanto me preparava para sair de casa.
Ao chegar a casa dela, respirei fundo enquanto rezava para que não houvesse gays nem bissexuais nojentas do outro lado.
Ela abriu a porta a porta cumprimentando-me com um beijo na cara vestida apenas com roupa interior.
<Ela realmente sabe cumprimentar um ‘gajo’.> pensei eu com um ar de surpresa.
- Desculpa por estar assim estava a escolher roupa. – disse ela a rir.
- Se quiseres posso-te ajudar a escolher. – disse-lhe com o meu ar maroto.
- Não é preciso. – respondeu-me ela a rir-se que nem uma perdida.
<Não sei porque achaste graça… eu ‘tava’ a dizer a verdade…> pensei eu um bocado chateado.
Ela foi-se vestir enquanto eu pensava no que lhe dizer. Eu queria confessar-lhe tudo mas tinha receio da reacção dela.
- Tenho algo para te contar. – disse a Daniela.
- O quê? – perguntei.
- Ontem no jogo, quando eu beijei a Marta és capaz de ter reparado que eu e ela beijámo-nos com alguma emoção. – respondeu ela.
<A sério… até parece que ninguém reparou…> pensei.
- Pedro, eu sou bissexual. – disse-me ela um bocado nervosa.
<’Ya’ eu não tinha percebido ainda…>
- A sério!? – perguntei como se não soubesse.
- Sim é verdade, mas olha isso não interessa, queres ver um filme que eu tenho aqui?
- Claro é de que?
- É um romance. – disse ela bastante contente.
<...foda-se…>
- Adoro romances! – menti.
Ela pôs a porcaria do filme no leitor de dvd. A única coisa que me vinha à cabeça era a seca que ia apanhar… mas depois lembrei-me que as miúdas ficam completamente emocionadas a ver este tipo de filmes. Claro que pensei num esquema para a beijar apesar de ela pensar que sou gay.
Passado 90 minutos de filme, estava ela a chorar toda emocionada, enquanto que eu estava com ‘cara de cu’ a olhar para o ecrã.
Ela abraçou-me a chorar. Quando se afastou um bocado, ficámos os dois a olhar fixamente um para o outro. Claro que depois de uma hora e meia a ver aquele filme já nem me lembrava do meu esquema. Até que ela me beijou, deitando-se por cima de mim no sofá. Eu naquele momento já nem queria saber do meu esquema inicial de me fazer de gay. Fiquei completamente ‘teso’. Ela começou a tirar a camisola e a desabotoar-me a camisa, saltando para cima de mim que nem uma selvagem.
<Se ela faz isto aos gays, imagino aos heterossexuais… de tanta excitação devem ter de andar com o pénis numa cadeira de rodas…> pensei eu completamente maluco.
Ela preparava-se para me tirar as calças. Só me vinha uma palavra à cabeça:
<SEXO!>
Mas quando ela estava quase a tirar-me os boxers, saiu de cima de mim com um ar de preocupada.
- Peço desculpa não respeitei o facto de seres gay. – disse-me ela triste.
- Não faz mal, não devias ficar triste pelo facto de eu ser assim.
<O QUÊ!? “facto de eu ser assim”!?!?!?!?> pensei com um ar de estúpido.
<Mas porque é que não lhe agarro no rego e a beijo!?> pensei de novo.
- Obrigada, és um amigo verdadeiro e tenho sorte em te conhecer. – disse ela começando a sorrir.
Senti uma sensação estranha dentro dos boxers… lembrou-me uma planta a murchar.
- Já venho vou ali à casa-de-banho. – disse-lhe com um ar preocupado.
Entrei na casa-de-banho, baixei os boxers e vi… estava completamente mole, como se a bateria tivesse acabado. Entrei em pânico, será que estou a sentir a consciência pesada de lhe estar a enganar?
Tudo o que eu mais queria era voltar à sala terminar o que tínhamos começado, mas a pila não se mantinha em pé, tentei dar uma pequena ajuda mas não alterou nada.
Sem saber o que fazer voltei para a sala, dando uma desculpa à Daniela que tinha de me ir embora.
Vesti-me e saí à pressa.
<Que se passa comigo!? A melhor oportunidade de concretizar o meu sonho foi estragada pela minha ‘merda’ de consciência!?> pensei bastante irritado.
Regressei a casa sem conseguir esquecer o sucedido. Fiquei acordado a noite toda a pensar em como resolver a situação.
Uma coisa era certa… esta história de ser gay não podia continuar.